terça-feira, 7 de abril de 2009

Os dias da semana me servem de consolo, esperança. Nestes dias me rendo à realidade pura e simples. Dias em que não preciso esperar grandes acontecimentos, posso apenas viver e sobreviver em paz. Dias em que minhas expectativas não sucumbem além do trivial, uma torta de chocolate, quem sabe. Nestes dias que me permito, com louvor, viver de simplicidades, distraindo-me com coisas não tão magníficas e esplendorosas. Dias estes que me acalmam, aconchegam e protegem do mal que toda e qualquer decepção que uma grande expectativa poderá me trazer.

Chega então Sexta-feira, ah, que dia infernal. Minhas inquietações renascem, afloram. Cai o peso do mundo em minha cabeça: preciso me divertir de qualquer jeito, afinal, é Sexta-feira, não é? Encha sua cara e estrague suas idéias com um baseado barato. Expectativas para uma incrível Sexta-feira, por mais que em quase cem por cento das vezes, elas nunca se concretizem.

Sábado, então, o tormento aumenta. O dito melhor dia da semana precisa ser inesquecível. Pessoas reunidas, risadas inacabáveis, coisas divertidíssimas para depois contar aos idiotas dispostos a escutar. E não se tem desculpas, você não fez nada o dia todo, apenas leu... 'trate já de tomar um banho, vista sua melhor roupa e vá exibir-se por aí'.

Domingo é a tristeza do quase fim. 'Poderá fazer o que quiser, mas não até muito tarde, por que amanhã, infelizmente, a semana começa de novo'. Regras de comportamento. Padronização de felicidade. Ou faça isso, ou não viverá plenamente. Não perceberá o sangue da juventude correndo em suas veias. 'Só assim se é feliz, entenda'.

Eis que Segunda-feira surge como um sol para o meu coração aflito. Aflito por não se divertir nos dias em que deveria, aflito por não suportar felicidades programadas. Será que é assim tão fácil? Será que meu botãozinho cujo nome é ‘diversão’ emperrou?

Pensei nisso em uma Terça-feira normal, comum, trivial, chame do que quiser, na cozinha de minha casa enquanto preparava alguma coisa para comer. Pois, até onde meus parcos conhecimentos de mundo me sustentam, alguém em 'perfeita' e 'saudável' sanidade jamais me diria: Vai, minha filha. Vai sentar ali, tomar sopa em pó solúvel com bolachas água e sal e ser feliz.

Que belo conceito de felicidade este que me ensinaram.