quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Não sei o que fiz. Não sei por que fiz. Sequer sei dizer por que não gosto disso. Só não gosto. Ponto. Acordei de cara amarrada hoje e não tenho uma explicação decente pra isso. Fiquei contente à tarde, sem qualquer motivo relevante. De noite, chorei litros, e procurei dentro de mim, durante tempo considerável, alguma razão elucidativa: não deu pé. Não me diga o quê devo fazer. Não me diga que devo te fazer feliz. Porque não devo, nem posso. Gostaria, com certeza. Mas minhas pretensões mais pretensiosas já se acabaram há algum tempo. Esperar o quê, quando tudo que espero vem até mim totalmente ao contrário, ou jamais perto daquilo que imaginei? Tenho me forçado a não ter critérios, porque em todas as vezes em que os tive levei um tapa na cara. Um ‘vai tomar no cu’ daqueles bem grandes e enfáticos. Tudo bem eu não ser ótima, porque, aliás, meus critérios pessoais já estão incluídos nessa desconstrução interna forçada. Tudo bem você não ser ótimo também. Tudo bem não dizer o que eu quero escutar e não ser uma doce criatura. Porque, sinceramente, não sei se gostaria de verdade que fosse tudo isso. Sinto prazer em não ter tudo aquilo que gostaria. O prazer do improvável me desloca e motiva. Gosto de não saber e me desacomodar com isso. Gosto, mas sequer sei dizer por que gosto disso. Só gosto. Ponto.

domingo, 22 de agosto de 2010

Compreenda que eu não quis tanto assim. Que muitas partes de mim se desfizeram no longo passar do tempo. Que minha rigidez bloqueou minha ousadia, e a pretensão me fez desfarelar. Compreenda que talvez eu nunca tenha quisto um tanto suficiente para te fazer crer na minha vontade sóbria. Não quero perguntas, nem explicações tampouco, por que destas, já bastam as minhas. Quero coração e um pouco de sentimento. Quero, ligeiro, me desfazer no teu abraço. E depois disso, fazer passar o tempo.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Talvez no íntimo, no mais bem íntimo de mim, meu incondicional amor esperava uma pequena retribuição, por menor que fosse. Meu desejo era que quisesse do fundo da tua alma compartilhar felicidades comigo. Felicidades tão e tão mesquinhas que o medo de se perderem essas pequenas felicidades no compartilhar é bem maior do que qualquer tímida alegria. Meu amor incondicional não quer, nem tampouco suporta perder. Meu amor precisa de alguns dados, muitos fatos e satisfatórios resultados para que permaneça incondicional.

terça-feira, 30 de março de 2010

Sede de infinito - nome de sentimento. Tamanha é a sede que sequer pôde aproveitar de forma profunda todas as coisas que já caíram em suas mãos. Talvez isso explique seu tamanho amor pelos livros. Os próprios livros carregam consigo o seu fim, livros não são livros sem um final. Anseia tanto começar e terminar, para começar a começar novamente. Quer tantas coisas infinitas que despreza o mais simples, de tamanho o seu querer. Quer vivências, sentimentos profundos, respostas para suas dúvidas insaciáveis. Quer desafios, quer integridade e autoconhecimento. Quer corte e quer costura, gastronomia e sociologia. Quer antes de qualquer coisa psicologia, psicologia comportamental, para querer desvendar pessoas e desintegrá-las até se resumirem em partes primárias e simples, para depois partir para o seu próximo querer. Quer entender o que existe de complexo e circular para depois torná-lo linear. Quer entender o lado humano de todas as coisas da maneira mais lógica e exata que pode existir.

terça-feira, 16 de março de 2010

Alisamos nossos cabelos, pintamos nossas unhas, entupimos com maquiagens nossos poros. Exercitamos os músculos até crescerem tanto que não conseguimos nos movimentar com naturalidade, usamos sapatos de salto alto e calças jeans apertadas... Estamos tão acostumados a lutar contra nossa natureza que os desconfortos e incômodos já fazem parte das nossas vidas. Apertos, sensações de inadequação se tornaram aqueles nossos companheiros mais trabalhosos...

Nossa sorte, ou nosso azar, é o fato certeiro de que tudo aquilo que procura quebrar, mascarar, modificar a natureza das coisas dura muito, muito pouco tempo. É a realidade gritando conosco: - Parem! Parem agora de fingir esperteza e superioridade por apenas possuírem inteligência mais aguçada!

De que adianta ser o animal ‘questionador’ da natureza, se tudo o que fazemos é negar a existência dela dentro em nós?

Quando catamos os destroços de tudo àquilo que foi instituído sobre como ser homem e como ser mulher na sociedade em que nos encontramos, o estomago embrulha rude e grosseiramente. Até que ponto viemos nos mantendo aos trancos?

Dia desses me permiti experimentar parar de lutar contra tudo isso. Sim, me permiti em anos ser aquilo que de fato sou: um bicho, de cabelo emaranhado, unhas sujas e dentes estragados, sem enfeites nem confetes. Foi quando percebi que toda energia que é despendida diariamente para lutar contra minha natureza cansa muito e dura um tempo insignificante comparado à quantidade de esforço.

O engraçado de acharmos nojento ser o que de fato somos é negarmos isso da maneira mais animalesca que pode existir: com nossas unhas e dentes.

sábado, 16 de janeiro de 2010

Escrever não é coisa dos gênios. Há muito tenho pensado sobre isso e agora concluo que nada de esplendoroso existe em escrever. O escritor é um jogador, e tem pra todos os gostos: os perspicazes, os que não saem do lugar, os ansiosos para vencer a qualquer preço... Joga-se com os sentimentos, com as palavras e com as rimas. Joga-se com situações chocantes e com situações sem-graça. Ser poeta, ser cronista, é muito simples hoje em dia: falamos algumas merdas, algumas idéias não convencionais e pronto, somos escritores fantásticos ainda não descobertos. Mas o pior não talvez não seja isso. O pior é nos sentirmos escritores 'grande coisa', isso sim é o pior. Entrelinhas, rima, métrica. Vão tudo pro espaço, eu quero mais é escrever errado.