sábado, 28 de fevereiro de 2009

Percebo então a veracidade da frase na qual insistimos tanto em repetir, mas que se tornou banal devido à nossa irritante insistência. 'As pessoas são lindas', o que isso exatamente quer dizer? Ora, que burra eu fui, são lindas por serem o que são: únicas.

As pessoas são lindas por que, invariavelmente, se questionam à respeito dos fatos, são lindas por que amam da melhor maneira que conseguem amar. As pessoas não são apenas lindas, mas maravilhosas, por acreditarem ainda umas nas outras, e tentarem perdoar quantas vezes forem necessárias. As pessoas são lindas por terem força para acordar todos os dias, escovar os dentes e seguir em frente.

As pessoas são lindas pelas dores que sentem. São lindas pelos livros que lêem, e pelos que não lêem também. São humanas, as pessoas. São aqueles traços de igualdade ou semelhança que existem e persistem em todos nós. As pessoas são lindas, por serem apenas pessoas.
Por trás de toda malícia existe uma pequena ponta de ingenuidade.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

'Desculpa o auê, eu não queria magoar você'.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Então, depois de tanto tempo me determinei a transferir todas as minhas raivas para o papel. Saiba que elas não são poucas, porém, suponho eu, que no momento em que eu as estiver transferindo, descobrirei como que em um passe de mágica a principal raiva, a raiva mor, aquela que me faz sentir todas as raivas. Fiz uma lista, e isso pode até soar cômico, mas tem uma importância absurda para mim, quem sabe, tire essa tensão constante em que vivo da minha mente e costas.

Raiva número 1: Do meu pai. É com todo o meu ódio que dedico o primeiro lugar ao meu progenitor. Parabéns papai, você ganhou, por ser um completo idiota. Parabéns por repassar para mim muitas das suas amarras e conceitos distorcidos. Por me fazer “quebrar” a cara inúmeras vezes, por ter sempre respostas prontas a respeito das coisas, enquanto o tempo me fez perceber que nem sempre respostas prontas são reais, lúcidas e certeiras. Cresci acreditando na sua autoridade e na sua genialidade, hoje percebo o quanto é infantil, machista, preconceituoso ao extremo, rígido e, com certeza, uma criatura infeliz.

Raiva número 2: Da minha mãe, na qual acreditei ser uma inútil e sem posicionamento por muitos anos graças ao meu pai, no qual desprezava e despreza tudo aquilo que brilha mais do que sua consciência limitada pode entender ou apreciar.

Raiva número 3: Raiva de todas aquelas pessoas que, segundo eu mesma, deveriam ter me amado, mas que não amaram. Que deveriam dizer que sou única, e não me trocar por uma comunzinha qualquer, já que eu sou maravilhosa, não sou?

Raiva número 4: De todas aquelas mulheres e meninas que eu considero mais bonitas que eu, sim, elas roubam meu lugar na cena, lugar de quem deveria ser a protagonista todo tempo, eu.

Raiva número 5: Raiva por não poder comprar sempre o que quero, ou seja, todas as coisas que desejo e vejo. Quero, quero, quero, e agora.

Raiva número 6: De todas as mulheres e meninas burras deste mundo, que se contentam com pouco e que acreditam em tudo que lhes dizem.

Raiva número 7: Raiva do meu péssimo inglês, por odiá-lo tanto na época em que deveria aprendê-lo.

Raiva número 8: Raiva por odiar demais.

Raiva número 9: Raiva de mim mesma por todas as vezes em que fui covarde e desisti.

Raiva número 10: Raiva de mim mesma por tentar mudar as pessoas da maneira que eu gostaria que elas fossem.

Raiva número 11: Raiva de todos aqueles caras que nunca gostei, mas que gostaram de mim, e por razões diferentes desistiram.

Raiva número 12: Raiva da minha gordura localizada.

Raiva número 13: Raiva do chocolate amargo da Lacta, por ser tão bom.

Raiva número 14: Raiva desta minha raiva eloqüente que me consome por dentro todos os dias. Me mata, me delata e me destrói.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Enquanto me divertia distraída analisando e experimentando os recursos de um editor de texto qualquer, o telefone toca, atrapalhando minha solitária paz egoísta. Era você, pedindo um minuto de atenção, dizendo que sente saudade. O quê? Depois de tudo que aconteceu você pensou melhor e apenas acha que errou? Não tenha só a certeza de que errou, mas que errou muito, muito feio. Errou mais do que todos os seres errantes deste mundo, porque você me magoou. Destruiu todas as minhas ilusões que, sim, me eram cômodas. Estava tudo tão aconchegante e macio... Me esqueça, apenas. Não sinto saudade alguma, nem qualquer resquício de sentimento. Para mim, você já se foi, e há muito tempo.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Não mudei muito, vejo isso por simplesmente concordar com absolutamente tudo que escrevi há dois anos atrás:

'O que me cansa, pra falar a verdade, é falar sem parar sobre todas as coisas e rir sem nem ter tanta vontade assim. Não é depressão, não é mau-humor. Mas não consigo deixar de pensar nisso, não consigo. Não é preciso falar, falar, falar, pra dizer alguma coisa. As pessoas não têm sempre coisas importantes pra dizer, então, com toda educação, cale a boca, por favor.

O silêncio não é constrangedor, é um espaço vazio muito bem preenchido, obrigado. É vazio para quem é vazio por dentro, que não suporta o seu próprio silêncio. Antes um espaço vazio, a um espaço cheio de porcarias. Peço novamente, cale a boca.

Não quero tornar a vida um jogo de conversas que somente servem para passar o tempo, não preciso disso, acredito que você também. O tempo é passageiro demais para ser preenchido com futilidades como as suas, as minhas'.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Neste conto de fadas às avessas eu era a groupie insensível e você o roqueiro desencontrado. Éramos tão clichês que me recuso a contar muitos detalhes desta história.

Seu jeito espontâneo, criativo e único atraía mais mulheres do que eu poderia imaginar, mas eu sabia também que você não se apegava a elas, por serem burras demais, ou fúteis talvez, para entender sua personalidade complicada e suicida. Você e esse seu inferninho interior não se permitiam, e ainda não se permitem, um minuto de estabilidade e paz, então fique sabendo agora que fiquei dias, meses e mais algumas horas tentando entender seus mecanismos de fuga e, cheguei a triste conclusão de que você era apenas uma criança com sensibilidade demais que não cresceu como deveria.

Enquanto eu, tudo bem, não era uma adulta exemplar e apesar dos meus quase trinta anos, naquela época, agia como uma adolescentezinha rebelde. Saiba que não me orgulho disso. Fingia ser fria e desapegada, mas na verdade era insegura e possessiva. O fato é que as pessoas eram idiotas demais para me perceber de verdade e acabavam por pensar que, realmente, eu não tinha sentimentos. Talvez o sentimento mais próximo de amor que senti foi em relação a você, hoje não escondo mais isso.

Talvez nem próximo de amor, na verdade, eu nos observava como “um amor em potencial”, é isso. Algo que nunca aconteceu, apesar de nossas noites de bebedeiras e risadas juntos, mas que caso acontecesse não teríamos como fugir, seria para sempre.

Quantas vezes esperei por alguma resposta definitiva. Hoje, anos depois, enxergo minha infantilidade. Você me amou, e eu te amei também. Mas nossa imaturidade nos fez evitar o envolvimento ao máximo por apenas medo sofrer depois, ou sofrer ainda mais do que já sofríamos até então.