terça-feira, 11 de agosto de 2009

Sempre é percebida a nostalgia pela qual as pessoas rememoram a infância. Confesso que nunca entendi esse processo direito, sempre quis refletir mais sobre. Não que a infância não seja uma fase interessante, de descobertas, de ingenuidade e alegria, sim, ela é tudo isso e mais, disso nunca duvidei. Mas, se analisarmos mais a fundo, poderemos constatar que é, com certeza, infantilidade das pessoas quererem retornar à infância por simplesmente retornar. A infância não pode ser recuperada, assim como tudo aquilo que faz parte do passado. As pessoas escolhem soluções ‘simplistas’ para solucionar seus anseios atuais, visto que o retornar é inatingível, o que passou não pode voltar, e assim temos todos problemas sem soluções realistas.

A maturidade é algo conquistado com tanto esforço, que acaba se tornando um peso para grande maioria, e surge daí também a idéia errônea de que na infância tudo é maravilhoso e de que não sofríamos, e isso está completamente errado. Sofríamos sim, talvez até mais do que hoje, por que não tínhamos capacidade suficiente para compreender que o mundo não era só nosso, nem feito apenas para nós.

Quando conquistamos a maturidade desenvolvemos nossa independência em relação a outras pessoas e desenvolvemos, se quisermos, é claro, a capacidade de lidar (com) e entender nossos sentimentos. A infância é por nós valorizada e glorificada, por que não queremos nos dar a chance de crescer e se libertar do que quer que seja.

Na infância não compreendemos direito aquilo que sentimos, não temos maturidade emocional para explicar e trabalhar nossos sentimentos, então, o que fazemos é chorar, chorar, chorar, até que alguém resolva compensar essa nossa lacuna com um afago, um brinquedo, ou um doce. Somos ‘indefesos’, ingênuos e dependentes, esperamos que alguém resolva nossas dores e nossos anseios.

Esquecemos, quando adultos, de que quando dependemos de alguém não temos liberdade para decidir as coisas, precisamos da aprovação alheia, do consentimento alheio. Acredito que ninguém, de verdade, queira depender de alguém, seja essa pessoa um pai, uma mãe, um irmão, um amigo, um namorado. Para quê? Quando dependemos da compreensão e atitude alheia sempre acabaremos nos decepcionando, por que as únicas pessoas capazes de nos fazer crescer, maturar e libertar, somos nós mesmos. As pessoas não têm a capacidade de saber o que se passa na mente, no coração e na alma da gente, portanto, cabe a nós mesmos decidir o que queremos de nossas vidas, de nossas escolhas, de nossas relações e de nossos sentimentos, mais ninguém.