quarta-feira, 25 de março de 2009

No teatro da alma, máscaras são distribuídas com suas pesadas facetas de incoerência. Lutamos vidas inteiras contra, ou a favor, destas máscaras. De quando em quando, captamos pequenas pistas a respeito do personagem principal, o protagonista de toda obra, o verdadeiro eu, que mais cedo ou mais tarde, irá se revelar diante à platéia.

sábado, 21 de março de 2009

Toda pessoa é um escritor, pintor, músico, bailarino, um artista em potencial. São poucas aquelas que não tem medo de se expor ao ridículo. Pessoas que acreditam no valor de expressar seus sentimentos mais profundos e não se deixar intimidar por eles. Ridículos todos somos.

Ridículo é acharmos que somos muito diferentes uns dos outros, uns mais e outros menos especiais, quando, na verdade, somos todos um pouco egoístas, críticos, sádicos, invejosos e paranóicos. Somos gente, e gente é como é: podre, pobre, hipócrita. Gente influenciada por tantas correntes de pensamento opostas que acabam se desencontrando pela estrada. Gente que não sabe o que pensar sobre as coisas. Gente que destrói o outro com a boca e, por outro lado, o acaricia com as mãos.

Ser artista é ter sensibilidade aguçada, ainda que, muitas vezes, não se tenha maturidade suficiente para isso. O artista cresce pela dor. A dor de enxergar e sentir coisas que a maior parte das pessoas não se permite, apesar de possuírem plena capacidade para isso. O artista imaturo vê o seu próprio lado feio e se deprime com isso. Vê, também, o lado feio dos outros e foge de tudo como uma criança, por achar que nada mais tem solução. Enquanto o artista presunçoso acha que pode mudar o mundo e se revolta contra ele.

- Mas há de ter uma solução, uma resposta, uma receita, queridos. Digo eu, numa esperança melancólica e quase que desesperada. - Tem que ter.

terça-feira, 17 de março de 2009

Quantas vezes tentamos controlar os sentimentos, fatos e acontecimentos. Quantas? Acreditamos que o apego às coisas nos fará resgatar o passado. Estamos envolvidos em nossas paranóias tentando controlar o tempo, que é uma das coisas mais dinâmicas que existe e, quando menos se espera, ele se deixa escorregar pelos nossos dedos. Tempo roubado. Tempo perdido e desperdiçado. Apegar-se ao tempo é uma das atitudes mais insanas que pode existir, ele sequer olha para trás e pensa em estagnar. O tempo, talvez, seja nosso maior exemplo, no qual apenas visualiza o que está à frente, determinado, passa simplesmente, desapega-se de tudo e todos de forma brilhante e madura, e ainda sobrevive a isso.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Por que nasci tão repetitiva, Deus do céu?!
Dói mais que qualquer despedida, qualquer desencontro. Dói mais do que qualquer dor dolorida. Mais que alfinete espetado embaixo de unha. Ah, as alegorias e as metáforas singelas, escolhidas de maneira aleatória em uma desesperada tentativa de tradução da realidade. Refiro-me, apenas, às tristes situações nas quais nos limitamos a emitir um simples 'olá' àquelas pessoas que há tempos atrás, inevitavelmente, fizeram parte de nossa vida. E a troca que antes fluía? O afeto, onde foi parar? Desculpa a sinceridade, meu bem, e quer acredite, quer não, ele se perdeu ralo abaixo.

Foi ano passado, acredito, que debati fervorosamente este assunto com uma amiga. Numa Sexta-feira, ainda lembro, aula de Inglês. Ela expressava seus sentimentos de maneira pura e verdadeira, tanto que ainda lembro nitidamente, e aquilo soou bonito para mim. Já haviam surgido outros, ela sabia. Mas a curiosidade era tortuosa quando a incentivava parar aquele ser, ser humano, já não mais fundamental em sua vida e, perguntar. Perguntar banalidades. 'Como vai vida'? 'Como vão as coisas'? E os amores que vieram depois de mim, quem são?

Sabemos da monotonia de nossas vidas enquanto simples mortais. Sabemos tanto. Sabemos que grandes e cruciais fatos não devem ter acontecido, nem pretendem acontecer. Sabemos até mesmo que você não mudou muito, em realidade, eu, displicentemente, mudei muito pouco. Continuo aquela porcaria que você já conhecia, aquela porcaria que você um dia amou e agora, repudia.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Poema dado no primeiro dia de aula:

O adeus é uma porta que range

O adeus
é uma porta que range.

Árvore tombada
sobre a calçada.

Choro de criança
rebatendo entre as paredes
encardidas dos edifícios.

O adeus
é jardim destroçado
pelo retouço dos cães.

Sigo na contramão
das lembranças,
mas não olho para trás.

Atrás de nós
os sinos não dobram.

Atrás de nós
há uma passeata de culpas,
e o remorso que não nos poupa
em seus discursos.

Vou em frente.
Tiro a poeira dos sapatos.
A casa é clara
e a roupa, limpa

Abro a janela
e setembro pula no meu colo
como se fosse
um gato de estimação.

(Luiz Coronel)

Logo eu, insensível que sou, reconhecendo o valor de uma poesia, ainda que simples.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Li novamente o conto 'Anotações sobre um amor urbano' de Caio Fernando Abreu e, claro, ele continua possuindo a capacidade de me tocar.