segunda-feira, 9 de março de 2009

Poema dado no primeiro dia de aula:

O adeus é uma porta que range

O adeus
é uma porta que range.

Árvore tombada
sobre a calçada.

Choro de criança
rebatendo entre as paredes
encardidas dos edifícios.

O adeus
é jardim destroçado
pelo retouço dos cães.

Sigo na contramão
das lembranças,
mas não olho para trás.

Atrás de nós
os sinos não dobram.

Atrás de nós
há uma passeata de culpas,
e o remorso que não nos poupa
em seus discursos.

Vou em frente.
Tiro a poeira dos sapatos.
A casa é clara
e a roupa, limpa

Abro a janela
e setembro pula no meu colo
como se fosse
um gato de estimação.

(Luiz Coronel)

Logo eu, insensível que sou, reconhecendo o valor de uma poesia, ainda que simples.