terça-feira, 21 de abril de 2009

Viver é entediante e ao mesmo tempo misterioso. A ausência da palavra ‘entediante’ em muitos dicionários é misteriosa. Entediar é um verbo. Entediante seria aquele ou aquilo que entedia, não seria? Tudo bem. Estou sendo espirituosa demais, e otimista também, mas o que me resta ser?

Talvez o nosso tão almejado veneno antimonotonia seja romancear os fatos. Criar, quem sabe, personagens absurdos e inexistentes. Criar histórias, enredos e papéis a serem observados pelo nosso olhar limitador e restrito. Inventar vidas fictícias para as pessoas que cruzamos nas ruas. Amantes, amores platônicos, desencontros, medos, crises existenciais. Por que não? A vida é mistério, mas é tão previsível quanto.

As coisas podem ser bem chatas às vezes. Acordar cedo, dor de garganta, falta de dinheiro. Esse querer ser feliz ‘para sempre’ nos aniquilou de vez, deixou-nos mais velhos e mais gordos. E mais desinteressantes também. Poderemos ser qualquer coisa: curiosos, questionadores, silenciosos e inquietos para sempre, mas, felizes jamais. Ser feliz acomoda e o comodismo nos impede de pensar.