terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Neste conto de fadas às avessas eu era a groupie insensível e você o roqueiro desencontrado. Éramos tão clichês que me recuso a contar muitos detalhes desta história.

Seu jeito espontâneo, criativo e único atraía mais mulheres do que eu poderia imaginar, mas eu sabia também que você não se apegava a elas, por serem burras demais, ou fúteis talvez, para entender sua personalidade complicada e suicida. Você e esse seu inferninho interior não se permitiam, e ainda não se permitem, um minuto de estabilidade e paz, então fique sabendo agora que fiquei dias, meses e mais algumas horas tentando entender seus mecanismos de fuga e, cheguei a triste conclusão de que você era apenas uma criança com sensibilidade demais que não cresceu como deveria.

Enquanto eu, tudo bem, não era uma adulta exemplar e apesar dos meus quase trinta anos, naquela época, agia como uma adolescentezinha rebelde. Saiba que não me orgulho disso. Fingia ser fria e desapegada, mas na verdade era insegura e possessiva. O fato é que as pessoas eram idiotas demais para me perceber de verdade e acabavam por pensar que, realmente, eu não tinha sentimentos. Talvez o sentimento mais próximo de amor que senti foi em relação a você, hoje não escondo mais isso.

Talvez nem próximo de amor, na verdade, eu nos observava como “um amor em potencial”, é isso. Algo que nunca aconteceu, apesar de nossas noites de bebedeiras e risadas juntos, mas que caso acontecesse não teríamos como fugir, seria para sempre.

Quantas vezes esperei por alguma resposta definitiva. Hoje, anos depois, enxergo minha infantilidade. Você me amou, e eu te amei também. Mas nossa imaturidade nos fez evitar o envolvimento ao máximo por apenas medo sofrer depois, ou sofrer ainda mais do que já sofríamos até então.