terça-feira, 11 de novembro de 2008

Com freqüência fico me perguntando em que parte do caminho se perdeu o nosso mundo de papel, que foi escrito em palavras não ditas e desalinhadas. Por um tempo entrelinhas me bastavam, mas no momento em que se tornaram abstratas demais, comecei a ficar preocupada. Por quê, afinal, você permitiu que ocorressem tantas reticências?

Flagro-me, às vezes, rabiscando desculpas para sua displicência, pinto histórias e o imagino perdido pelas linhas eternas do tempo, que passa tão depressa, deixando nossas palavras e feições amareladas. Isso dói demais em mim.

Lembro-me, ainda, de quando desenhávamos idéias infinitas na meia-luz da noite. Até o dia em que você pediu para que eu rasgasse nosso papel. E eu, fraca que sou, confesso que o amassei e o guardei, para que quando quisesse relembrar apenas abriria o armário. Foi quando isto aconteceu que percebi: o papel havia sido comido pelas traças da minha gaveta.